Alimentos Vegetais Ultraprocessados: Um Risco Oculto para a Saúde Cardiovascular
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Imperial College London e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), revelou uma preocupante conexão entre o consumo de alimentos vegetais ultraprocessados e o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Com a participação de mais de 118 mil pessoas entre 40 e 69 anos, a pesquisa lança luz sobre a necessidade de uma abordagem mais criteriosa em relação aos produtos de origem vegetal, muitas vezes vistos como saudáveis, mas que podem esconder armadilhas durante o processamento industrial.Alimentos Vegetais Ultraprocessados: Uma Ameaça Oculta à Saúde
Separando o Joio do Trigo: Alimentos Vegetais Processados e Não Processados
O estudo realizado pela USP, em colaboração com instituições internacionais, teve como objetivo principal acompanhar a rotina alimentar de uma amostra significativa da população, com foco na distinção entre alimentos vegetais processados e não processados. A pesquisadora Maria Laura Louzada, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública da USP, explica que o primeiro passo foi identificar os alimentos de origem vegetal e separá-los em duas categorias: os não ultraprocessados, como cereais, sementes, frutas e verduras, e os ultraprocessados, como refrigerantes, snacks, sucos artificiais e alguns tipos de doces e salgados.Essa distinção é fundamental, pois muitas pessoas acreditam que a simples substituição de produtos de origem animal por opções vegetais é suficiente para garantir uma alimentação saudável. No entanto, o estudo revela que o processamento industrial desses alimentos vegetais também pode gerar riscos à saúde, assim como acontece com as carnes processadas e os nuggets artificiais que tentam substituir as carnes tradicionais.Impacto na Saúde Cardiovascular: Evidências Alarmantes
Os resultados da pesquisa apontam para uma relação direta entre o consumo de alimentos vegetais ultraprocessados e o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Segundo Maria Laura Louzada, um aumento de 10% na contribuição de alimentos vegetais não ultraprocessados significou uma redução de 7% no risco dessas doenças. Por outro lado, a contribuição dos ultraprocessados elevou o risco em cerca de 5%.Ainda mais preocupante é o impacto na taxa de mortalidade. O consumo dos alimentos vegetais não ultraprocessados representou uma redução de 13% na mortalidade por problemas cardiovasculares, enquanto a ingestão de ultraprocessados elevou os riscos de óbito em 12%. Esses dados revelam a importância de se atentar não apenas à origem dos alimentos, mas também à forma como eles são processados.Alertas e Políticas Públicas: Rumo a uma Alimentação Mais Saudável
A pesquisadora Maria Laura Louzada ressalta que a população está cada vez mais consciente da importância da qualidade dos alimentos e de seus impactos ambientais. No entanto, ela alerta que não basta simplesmente trocar os problemas ambientais por danos à saúde. É fundamental compreender o processo de fabricação de cada produto, sejam eles de origem animal ou vegetal.Nesse sentido, algumas políticas públicas já estão observando esse fator, como a Portaria da Cesta Básica, que excluiu os alimentos ultraprocessados da lista de itens presentes na cesta. Além disso, a discussão da Reforma Tributária apresenta uma oportunidade para a desoneração de alimentos saudáveis da cesta básica e a implementação de uma tributação seletiva sobre os ultraprocessados, medida que já demonstrou resultados positivos em outros países, sem impactar significativamente o bolso da população.Esses avanços são essenciais para conscientizar a sociedade sobre os riscos ocultos dos alimentos vegetais ultraprocessados e promover uma alimentação mais saudável e sustentável. Afinal, a saúde e o bem-estar da população devem ser a prioridade máxima, independentemente da origem dos alimentos.READ MORE