A pesquisa conduzida pela NielsenIQ em 2024 revelou uma transformação significativa no cenário de preços dos produtos alimentícios e bebidas, destacando um aumento da complexidade para indústrias e varejistas. Essa mudança reflete diretamente a pressão inflacionária observada desde o ano anterior. A análise aponta uma queda nas promoções temporárias (TPR) em categorias como alimentos e bebidas, sugerindo que as empresas enfrentam dificuldades para manter margens lucrativas enquanto lidam com custos crescentes e juros elevados. Além disso, o estudo destaca uma redução no impacto positivo do "efeito mix" sobre as receitas das empresas, influenciado pela perda de poder de compra do consumidor brasileiro.
No último ano, a inflação nos setores de alimentos e bebidas aumentou consideravelmente, afetando diretamente os padrões de consumo. De acordo com os dados coletados pela NielsenIQ, houve uma diminuição expressiva nas promoções temporárias, especialmente em itens básicos. A empresa mediu o TPR, ou seja, mercadorias com descontos superiores a 5% em relação ao preço regular histórico. Em alimentos, essa queda foi de 3,5%, enquanto em bebidas foi registrada uma retração de 1,1%. Essa tendência indica que as empresas estão repensando suas estratégias promocionais, diante do aumento nos custos de produção e comercialização.
Outro ponto relevante é a evolução do "efeito mix", que avalia o impacto das diferentes combinações de produtos vendidos. No entanto, em 2024, esse indicador apresentou resultados negativos em sete das 12 categorias analisadas. Isso ocorreu principalmente porque os consumidores passaram a priorizar itens mais acessíveis, ajustando sua cesta de compras para enfrentar o cenário econômico adverso. A pesquisa "Prato cheio de desafios" ressalta que essa mudança comportamental impactou segmentos como mercearia, limpeza e produtos frescos, gerando efeitos negativos nos preços percebidos.
O atacarejo emergiu como um canal de destaque, conquistando maior participação no mercado de alimentos. Em 2024, sua presença alcançou 70,3% dos lares brasileiros, comparada aos 69% do ano anterior. Esse crescimento pode ser atribuído à busca por economia por parte dos consumidores, que enfrentam dificuldades financeiras. Paralelamente, a inflação nos supermercados acelerou no terceiro bimestre de 2024, saltando de 2,3% para 3,1%, e terminou o ano com uma variação acumulada de 9,8%. O volume de vendas, por outro lado, mostrou queda contínua desde julho, culminando com uma retração de 0,8% ao final do ano.
A escalada inflacionária e a alteração nos hábitos de consumo criaram um ambiente desafiador para o varejo alimentício. As empresas precisam adaptar suas estratégias para equilibrar custos crescentes com a necessidade de atrair consumidores cada vez mais sensíveis ao preço. A pesquisa evidencia que, em um contexto de incerteza econômica, tanto varejistas quanto fabricantes devem buscar soluções inovadoras para preservar a competitividade e atender às novas demandas do mercado.