Em abril, observou-se uma diminuição na taxa de inflação dos alimentos, passando de 0,78% para 0,72%. Apesar dessa desaceleração, o setor ainda é um ponto crítico. Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pelo FGV Ibre, a alta mensal foi de 0,52%, impulsionando a taxa anual para 4,49%. Este cenário deve ser refletido no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que será divulgado em breve. Ainda assim, enquanto alguns itens mostram sinais de alívio, outros continuam afetando significativamente o orçamento familiar brasileiro.
No início de maio, Matheus Dias, economista do FGV Ibre, afirmou que as tendências vistas no IPC devem se repetir no IPCA. O IPCA-15, anunciado anteriormente, registrou um aumento de 0,43% no mês, embora haja uma desaceleração mensal, a taxa acumulada no ano continua elevada, atingindo 5,49%. Esse comportamento reflete mudanças nos preços de produtos essenciais como ovos, café e tomate. Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído em alguns itens, como o tomate, cuja variação semanal caiu de 20,04% para 16,14%, outros segmentos ainda enfrentam aumentos expressivos.
Além disso, outros setores também impactaram os índices de inflação em abril. No grupo de saúde e cuidados pessoais, por exemplo, o reajuste dos medicamentos levou a uma alta de 1,41%. Já o setor de habitação teve um papel relevante na aceleração geral, com aluguéis e condomínios registrando aumentos consideráveis em várias capitais brasileiras. Por outro lado, o grupo de transporte exerceu um efeito contrabalançador, devido à queda nos preços dos combustíveis, influenciada pela situação internacional do petróleo.
O Boletim Focus, divulgado recentemente, reduziu pela terceira vez consecutiva a projeção para a inflação deste ano, agora estimada em 5,53%. Além disso, houve revisões nas expectativas para os juros da economia brasileira, que caíram de 15% para 14,75%. Com isso, o mercado aguarda ansiosamente a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, prevista para esta semana, onde espera-se um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 14,75%. Contudo, ainda há incertezas sobre se este movimento marcará o fim do ciclo de alta dos juros no país.
A desaceleração parcial da inflação alimentar em abril traz algum alívio, mas não elimina completamente as preocupações econômicas. Enquanto certos produtos apresentam sinais de estabilização ou queda, outros continuam pressionando os orçamentos familiares. Adicionalmente, fatores como reajustes em medicamentos e aluguéis mantêm a inflação sob vigilância constante. Ao mesmo tempo, as decisões futuras sobre juros continuarão moldando as perspectivas econômicas do Brasil, exigindo atenção tanto de especialistas quanto do público em geral.